27 de dezembro de 2011

'Profissão': Músico?

Hoje, vi a notícia abaixo, na qual fala sobre o músico (bem como outros artistas) poder receber seguro desemprego:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1024620-senado-aprova-seguro-desemprego-para-artistas-e-musicos.shtml

Apesar de não viver de música, não posso evitar de ficar alegre, pois conheço muitas pessoas que lutam diariamente para se manter apenas com a música, seja fazendo shows, dando aulas ou gravando. Mas ao mesmo tempo, acabei por lembrar de posts feitos no facebook por estes mesmos colegas. Segue abaixo:

"Gostaria que falassem pra um médico, advogado, arquiteto ou engenheiro:
"Venha e trabalhe! Não tem dinheiro mas é bom pra divulgar, pra que as pessoas conheçam seu trabalho. Você vai agradecer o espaço e a oportunidade!"
Tem gente que acha que a música não é, também, uma profissão e sim um hobbie. Que todos os músicos são ricos e/ou não precisam pagar serviços e fazer compras pra viver, que por isso somente precisam de divulgação do trabalho...

Bem, concordo plenamente com a afirmação final do texto. Todo mundo precisa de dinheiro para viver, inclusive os músicos, dançarinos, pintores, escritores. Mas, há dois pontos falhos neste texto:
  1. A comparação com médicos, advogados e engenheiros;
  2. A necessidade que os músicos (no início da carreira, seja bem dito) têm de divulgar seu trabalho.
Esplicando melhor, começo pelo ponto 1, que me levará ao por que é necessário que o músico não possa simplesmente sair cobrando no seu primeiro show.

A comparação é de certa forma injusta, por um simples motivo: Médicos, advogados e engenheiros precisam não só de diploma em curso superior, como precisam ser registrados no seu órgão regulador, para que possam trabalhar. Apesar de não ser necessariamente uma comprovação de capacidade, competência, e profissionalismo, um médico deve passar alguns anos na faculdade para ser um clínico geral, e mais alguns para fazer a residencia e especialização, se quiser ser algo além de atendente de pronto socorro. Além disso deve ser registrado no Conselho De Medicina. Um advogado, além do diploma, deve passar na prova da OAB, e um engenheiro, deve ser associado ao CREA. Caso um médico cometa algum erro, ou nem isso, comporte-se de forma anti-ética, será investigado pelo conselho, podendo ser temporaria ou permanentemente desligado do conselho e da profissão.

E que regulamentação há para os músicos? O que acontece se um músico se atrasar, ou chegar bêbado para tocar em algum bar? (já vi MUITO disso nos meus anos de músico) Bem, talvez não receba o seu cachê, e obviamente, não será recomendado pelo dono do estabelecimento, para outros bares. Mas fora isso, o que acontece? Nada. Simplesmente isso. Se eu tiver uma gig para fazer, e quiser contratar algum freelancer para tocar comigo, que garantias eu tenho (além da recomendação dos conhecidos) de que será alguém que fará um bom show? Que saberá improvisar, caso precise tocar alguma música a mais? 
Provavelmente nenhuma, já que grande parte dos músicos possuem máximo (e estou sendo otimista), alguns poucos anos de aula em conservatório, ou aulas particulares.

Tentaram fazer uma Ordem dos Músicos, mas aí muitos reclamavam da falta de exigências para que alguém conseguisse a carteira de nível profissional, outros, reclamavam de ter que pagar anuidade (claro, por que médicos, advogados e engenheiros não pagam os seus respectivos conselhos e sindicatos), outros, da falta de fiscalização. Enfim, muitas reclamações para não se associar, mas nenhuma proposta de real solução para a falta de regulamentação da profissão.

Quando tivermos um conselho ou ordem que exija comprovação de aulas práticas e teóricas, faça uma prova para encaixar o músico em categoria amador ou profissional, e garanta que em todos os projetos pagos sejam formados pelo menos por metade de músicos profissionais, aí poderemos discutir. Até lá, estamos em uma situação complicada.

Apenas para finalizar, quero deixar claro que sou totalmente contra as práticas abusivas de se recusar a pagar algum show, prometendo sempre apenas divulgação. Aproveitadores e muquiranas DEVEM SIM ser combatidos. Apenas gostaria de deixar claro que existem casos e casos, e devemos sempre olhar para nossos próprios pés, e vermos o que podemos fazer para melhorar a situação. Havendo um órgão controlador, seria muito mais fácil também fiscalizar ou denunciar casos em que a organização de um evento não quer pagar ninguém.

ps: Como bônus, o blog de um desenhista/cartunista que mostra como tratar com o 'trabalhe de graça'.

Um comentário:

  1. quatro anos apos ser fundada no brasil e ser reconhecida pelo então presidente jucelino filiei-me a este orgão chamado ( o.m.b) orden dos musicos do brasil, uma instituição criada para apoiar, fiscalizar,organizar o trabalho musical no brasil fundada por idealistas começou a encontrar barreiras tendo que adquar-se as aves de rapina que estendian suas asas por la (e estão ate hoje alguns so mudaram o endereço) passando assim a atender a interesses pessoais relegando o musico a segundo plano agindo na maioria das vezes em beneficio proprio, ao longo dos anos foram feitas varias coisas para beneficio da ordem não do musico simplismente para muitos a musica não é arte e o mais importante o proprio musico não procura dar-se ao respeito. não vou alongar-me pois estou afastado ja a algun tempo participei das grandes bandas de baile do rio toquei com grandes musicos da epoca,para mim e triste ver o pouco valor dado ainda ao musico brasileiro povo sem memoria para com os seus.

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